terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Comfort Food. Uma questão de tempo.

Atualmente, vivemos tão preocupados com a correria do dia-a-dia que acabamos sacrificando nossos momentos de prazer, como passar mais tempo com a família e amigos, dar uma volta no parque ou, simplesmente, reservar alguns minutos para uma boa refeição. Sim, comer também é um ato de prazer. É muito mais do que matar a fome em quinze minutos, mais do que suprir uma necessidade física ou garantir a energia para continuarmos na correria. Comer é despertar emoções.

Quando você se deixa envolver, um simples prato é capaz de provocar uma verdadeira viagem no tempo, levando de volta à infância, a algum lugar visitado ou até mesmo a um encontro inesquecível. E muita gente já está se conscientizando desta importância. Nos Estados Unidos, por exemplo, é considerado uma tendência, e é de lá que vem o nome comfort food.

Para conceituar, comfort food é toda comida que resume as suas experiências de vida, resgatando memórias e emoções. Em geral são receitas simples, tradicionais, que atravessam gerações. Os adeptos da comfort food são pessoas que não se alimentam apenas para encher a barriga, que não contam calorias, não pensam apenas na saúde física, mas no sabor que agrada e que reúne todos os nutrientes para saciar a maior fome de todas: a emocional.

E a comida emocional não tem como fazer mal. Ela é degustada com prazer e alimenta muito mais do que o corpo. Alimenta o coração. Alimenta a alma. Foi tomado pela emoção ao redor da mesa que me tornei Chef de Cuisine e abri meu próprio restaurante. Posso garantir que meu cardápio é recheado com as memórias e lanches na casa da vó, dos quitutes feitos pela minha mãe e de um pouco de tudo que experimentei viajando pelas praias do Brasil.

Para mim, a comfort food não é uma tendência, pois ela não está relacionada ao temaki da madrugada depois da balada ou ao iogurte congelado quando a intenção é se refrescar. Comida que desperta emoções, cada um tem a sua, e independe de modismos ou da tentativa de se dar nome para as coisas. Ela sempre existiu, só precisa de um pouco de atenção, e continuará a existir, salvo algum dia deixem de existir emoções à mesa. Não concorda? Então me conte quando houver aniversário sem bolo, noivado sem jantar, reunião de amigos sem churrasco... A gastronomia sempre estará ligada às emoções. Basta experimentar.

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